sábado, 5 de março de 2011







Viajo sozinha com o meu coração



Não ando perdida, mas desencontrada


Levo o meu rumo na minha mãoTimidez






Basta-me um pequeno gesto,


feito de longe e de leve,


para que venhas comigo


e eu para sempre te leve...


- mas só esse eu não farei.






Uma palavra caída


das montanhas dos instantes


desmancha todos os mares


e une as terras distantes...


- palavras que não direi.






Para que tu me adivinhes,


entre os ventos taciturnos,


apago meus pensamentos,


ponhos vestidos noturnos,


- que amargamente inventei.






E, enquanto não me descobres,


os mundos vão nevegando


nos ares certos do tempo


até não se sabe quando...


- e um dia me acabarei.


Cecília Meireles












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